Podem
até tentar tirar a cruz dos locais públicos, como estão fazendo, porém
de nossas vidas ninguém poderá tirá-La. Ninguém poderá nos impedir de
usar o Crucifixo em nossas casas, ou trazê-Lo em nosso peito.
Entretanto, usá-Lo exige mais do que coragem de expor um objeto de
devoção, exige que testemunhemos nossa fé de forma autêntica. Quem
carrega a Cruz de Jesus deve se esforçar para viver como Ele.
Por Lúcia Volcan Zolin
Coordenadora Nacional do Ministério e Comissão de Comunicação
Grupo de Oração Divina Misericórdia
“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois tu és o sentido (logos) do mundo e da minha vida” (Bento XVI).[1]
Para
o cristianismo, não basta acreditar, ter fundamentos espirituais, crer
em alguma coisa. A qualidade mais profunda da fé cristã é o seu caráter
pessoal. Os cristãos creem em Alguém, e essa fé á sentido ao mundo e à
própria existência daquele que crê.
e
é por isso que a sua fórmula central não diz ‘creio em algo’, e sim,
“Creio em Ti”. Ela é o encontro com o homem Jesus, e nesse encontrar-se
ela experimenta o sentido do mundo como pessoa. Na vida de Jesus a
partir do Pai, na imediação e na densidade de seu relacionamento com ele
na oração e até na visão, é Jesus a testemunha de Deus; por intermédio
dele, o intocável tornou-se tocável e o distante tornou-se próximo.
(...)Ele é a presença do próprio eterno neste mundo.[2]
Na
face de Jesus de Nazaré, Deus é descoberto. No entanto, para a fé
cristã não é suficiente que creiamos em Jesus Cristo, que cultivemos
esse sentimento como algo bom, agradável, e o guardemos para nós mesmos.
O cristianismo tem uma exigência explícita: É preciso professar
publicamente essa fé.
Fato
esse que está na essência da existência da Igreja, como incumbência
dada pelo próprio Jesus. A trajetória do cristianismo vem sendo marcada
por episódios que comprovam isso. Talvez o exemplo mais contundente seja
o dos mártires. No decorrer de nossa história de fé, muitos foram os
que preferiram perder a vida a negar Jesus Cristo. O sangue deles fez a
Igreja crescer. Tornou-se célebre e conhecida até nossos dias a
afirmação de Tertuliano: “o sangue dos mártires é semente de novos
cristãos”. Eles estavam conscientes de que não podiam renegar o Senhor.
Podemos
dizer que a Igreja se expandiu graças aos homens e às mulheres da
primeira hora do cristianismo que, impelidos pelo Espírito Santo,
estavam determinados a apresentar ao mundo as razões de sua esperança
(cf. I Pd 3,15).
E
é disso que estamos falando quando nos referirmos à evangelização.
Aquilo que cremos passa a ser partilhado, contado aos demais, porque uma
vez vivida a experiência do encontro com o Senhor é preciso anunciar. A
nós cristãos não é permitido calarmo-nos a respeito do que vimos e
ouvimos (cf. At 4,20).
O
mundo tem necessidade da mensagem da qual os cristãos são portadores. O
mundo precisa ser evangelizado, precisa de pessoas que tenham a coragem
de professar a própria fé. E, de acordo com a Palavra, isso não é
opcional; é uma exigência: ai daqueles que se negam a anunciar o
Evangelho (cf. I cor 9,16). Ai daqueles que se envergonham de dar
testemunho público de Jesus. A esse respeito o próprio Senhor nos
alertou: “Aquele, porém que me renegar diante dos homens também eu o
renegarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,33 ).
Entretanto,
só as palavras não são suficientes. A nós são exigidas atitudes
concretas, porque também não basta dizer-se cristão; é preciso viver
como tal. Dar testemunho de uma fé autêntica: “é morta a fé sem obras”
(Tg 2,26).
Numa
época marcada pelas incertezas e esgotamento de modelos, de mentalidade
teleprogramada, relativista, hedonista e fragmentada, onde tudo é
efêmero e pronto para o consumo rápido e em que o individualismo egoísta
passa a ser visto como uma virtude, faz-se urgente que os cristãos
reapresentem ao mundo qual é a verdadeira proposta de Jesus. É preciso
que os cristãos reajam:
Também
aqui devemos redescobrir a coragem do não-conformismo diante das
tendências do mundo opulento. Em vez de seguir o espírito da época,
devemos ser nós a marcar, de novo, esse espírito com austeridade
evangélica. Perdemos o sentido que o cristão não pode viver como vive um
outro qualquer.[3]
O
mundo tem sede e fome da mensagem cristã em sua integralidade. Tem fome
e sede de Jesus, Aquele que é o único capaz de dar sentido à vida e
revelar a face verdadeira de Deus. Quem o conhece, pode atestar isso, e
talvez seja devido a essa certeza que seja tão triste presenciar
situações em que Ele seja rejeitado.
EU CREIO EM TI!
E
como temos presenciado, em nossos dias, Jesus ser rejeitado! Vemos isso
quando seus ensinamentos são ignorados, até mesmo por cristãos. Que
recriam um estilo de semi-baseado na Palavra. Adaptado de forma que seja
conveniente.
Ele tem sido rejeitado quando Sua vida, morte e ressurreição ou são negadas ou tratadas com total indiferença.
E
O vemos sendo rejeitado toda vez que sua própria imagem é renegada. Ao
redor do mundo, são muitos os países - mediante a apresentação de
argumentos totalmente questionáveis, como bem nos apresenta na edição 75
Felippe Nery nas páginas 14 e 15 o símbolo máximo do cristianismo está
sendo retirado de espaços públicos.
A esse respeito, questiona Bento XVI:
Antes
de mais nada há que se colocar a seguinte questão, por que é que deve
proibi-lo? Se a cruz contivesse uma mensagem que fosse inconcebível e
inaceitável para outros, então essa seria uma medida a se considerar.
Mas a cruz representa que o próprio Deus é sofredor, que Ele nos ama
através da sua dor. Esta é uma afirmação que não ataca ninguém. Isto por
um lado. Por outro lado também existe naturalmente uma identidade
natural na qual se baseiam nossos países. Uma identidade que forma os
nossos países de forma positiva e a partir de dentro, e que forma os
princípios positivos e as estruturas básicas da sociedade, por meio dos
quais o egoísmo é rejeitado, possibilitando uma cultura de humanidade.
Eu diria que essa autoexpressão cultural de uma sociedade que vive de
forma positiva não pode ser criticada por ninguém que não partilhe dessa
convicção, e também não pode ser banida.[4]
É
injusto, sabemos. Mas se, por erro de interpretação ou pela dureza de
corações fechados à verdade, estão renegando a Cruz, não podemos ficar
indiferentes.
Se
o crucifixo não tem espaço nas paredes de tribunais, hospitais,
escolas, pode continuar presente nesses locais por meio dos cristãos
(que trabalham nesses lugares, por exemplo). Quem poderá impedir-nos de
usá-Lo?
Vamos
levar o símbolo da nossa fé aonde formos! Ninguém é obrigado,
obviamente, a fazer isso, mas que bonito seria se todos fizéssemos.
Aquele
crucifixo que temos guardado na gaveta, ou que usamos somente em
retiros, poderia ser usado em nosso dia a dia. Não como um acessório de
beleza (muitas pessoas o usam desta forma, sem que isso signifique a
profissão de uma fé).
Quem
sabe o crucifixo volte a ocupar um lugar central em nossas salas? Em
nossos quartos? Aqueles que são proprietários de estabelecimentos
comerciais também podem resgatar o uso desse objeto que simboliza nossa
fé. E se usarmos adesivos em nossos carros com a Cruz? Bem, essas são
algumas possibilidades, certamente existem muitas outras.
CAMPANHA
Em
resumo, a ideia é simples: podem até tirar (por ignorância ou por
maldade) a Cruz de uma série de espaços, mas não poderão tirá-La de
nossas vidas, assim como não puderam impedir a manifestação da fé de
tantos homens e mulheres que marcaram a história da Igreja, mesmo sob
ameaça de morte.
Interessante
é que, ao portarmos esse símbolo tão sagrado, somos constantemente
chamados a ser testemunhas. Ele nos mostra, a cada instante, que devemos
viver de acordo com a fé que professamos. Afinal, ao trazer em nosso
peito a Cruz, estamos expressando quem somos; e ao identificarmo-nos
como cristãos, somos impelidos a viver dignamente esta condição. Com tal
profissão explícita nos sentimos motivados, até mesmo constrangidos (no
sentido de nos vigiarmos melhor) a agir como convém a um cristão.
Que
o Santo Espírito nos permita sempre acreditar para que, crendo,
professemos com palavras e atos a fé cristã, de modo que o mundo veja e
acredite e para que tenhamos a graça de chegarmos a um nível de
santidade que nos permita afirmar: “Com Cristo, eu fui pregado
na Cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida
presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me
amou e por mim se entregou” (Gálatas 2, 19b-20).
Fonte: http://rccpb.com.br
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