O repouso no
Espírito resulta, portanto, de uma nova efusão do Espírito Santo, mas de um
gênero diferente da que o Batismo no Espírito provoca. Com efeito, a
experiência espiritual do repouso no Espírito parece realizar-se, sobretudo, ao
nível da inteligência. Pelo contrário, o Batismo no Espírito verifica-se, em
especial, ao nível da afetividade.
O repouso no
Espírito desenvolve consideravelmente a acuidade intelectual, no sentido em que
a atenção é mais levada para a experiência atual da intimidade divina. A
consciência é amplificada, mas é desviada das realidades exteriores e é mais
centrada na realidade sobrenatural. Por outro lado, os limites pessoais podem,
também, tornarem-se mais manifestos. Há, portanto, um engrandecimento da
lucidez interior sobre Deus e sobre si próprio.
O repouso no
Espírito é um arrebatamento que interrompe o conhecimento que se pode adquirir
por si próprio. O Espírito Santo não faz, portanto, um vazio na inteligência,
mas suspende temporariamente a sua atividade, fixando-a em Deus. É isto que se
chama, em teologia mística, a "ligação das faculdades".
Tudo o que a
alma conhece pelas suas próprias forças não é nada, em comparação com os
conhecimentos abundantes e rápidos que lhe são comunicados durante os
arrebatamentos. O repouso no Espírito é frequentemente acompanhado de luzes
especiais e novas, que se dirigem para Deus, para o Cristo, para a sua
misericórdia, para o valor da vida cristã, para os pecados, para os defeitos,
os insucessos, etc. Estas luzes não acontecem sempre explicitamente durante o
repouso no Espírito, mas a sua compreensão desenvolve-se ao longo das horas ou
dos dias que se seguem à experiência.
Durante os
arrebatamentos e, portanto, durante o repouso no Espírito, Deus revela segredos
de ordem sobrenatural; habitualmente, sente-se que a inteligência cresce, que
há um aumento das faculdades superiores. Acodem ao espírito ideias profundas,
mas é impossível explicá-las com detalhe e com precisão. Isto advém do fato não
de que a inteligência estivesse como que adormecida, mas de que foi elevada a
verdades que ultrapassam a capacidade do espírito humano.
Enquanto a
inteligência conhece uma dilatação prodigiosa, a atividade da imaginação está
suspensa durante os períodos culminantes. Quanto mais a luz é forte, mais a alma
se sente encandeada, cega. Por outro lado, se ficarmos somente pelas
aparências, o repouso no Espírito pode apresentar algumas semelhanças com os
estados parapsicológicos, como os estados hipnóticos, histéricos, mediúnicos,
magnéticos, letárgicos, cataléticos...
Contudo, a semelhança é apenas exterior;
apresenta-se somente nos fenómenos corporais, que têm relativamente pouca
importância no repouso no Espírito. Quanto à sugestibilidade, pode, por vezes,
contribuir para provocar o repouso no Espírito; contudo, não se deve exagerar a
sua importância. De qualquer maneira, é impossível que a sugestão, por si
própria, possa provocar uma reação tão violenta e tão súbita como o repouso no
Espírito.
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