Na Renovação
Carismática, encontram-se várias manifestações do poder do Espírito Santo, que
de início espantaram grandemente, mas que são agora mais facilmente admitidas como
autênticas; é assim com o dom das línguas, das curas, a Efusão do Espírito, a
imposição das mãos.
Mas há um
fenômeno sobrenatural menos conhecido, que se torna cada vez mais frequente na
Renovação Carismática: é o repouso no Espírito. Depois de um estudo atento
sobressai, sem equívoco possível, que esta experiência encontra o seu
fundamento na teologia.
Com efeito,
o repouso no Espírito reveste-se das características do arrebatamento (que é
uma espécie de êxtase) salvo na sua causa imediata, que é o pedido feito a
Deus, numa oração apropriada.
Convém
lembrar que se encontra uma situação semelhante no Batismo do Espírito. Com
efeito, este favor espiritual era normalmente concedido àqueles que faziam
progressos notáveis na vida espiritual, enquanto que agora é recebido até pelos
pecadores, por vezes de um modo instantâneo, na sequência de uma oração feita
por outros para esse fim. É assim, também, para o repouso no Espírito. Outrora,
apenas se encontrava (pelo menos na maior parte das vezes) nas pessoas avançadas
na vida espiritual; pelo contrário, nos nossos dias, a oração ao Espírito Santo
obtém-no até para os pecadores.
Como é um
arrebatamento, o repouso no Espírito é da mesma família da ordem extática, mas
não arrasta consigo a santificação da pessoa nalguns instantes. Esta
experiência mística é destinada a favorecer uma vida cristã mais fervorosa ou
uma conversão do coração.
Habitualmente,
o arrebatamento verifica-se em pessoas avançadas na vida espiritual, ou, como
dizia Santa Teresa d'Ávila, que atingiram as sextas moradas do castelo
interior. Não se chega, portanto, de um pulo, ao período do êxtase ou do
arrebatamento; em geral este é precedido de uma série de etapas de contemplação
infusa, das quais a menos elevada é chamada por Santa Teresa d'Ávila "oração
de contemplação".
Lembremo-nos
de que há três graus no êxtase:
1) O êxtase
simples, quando este se produz lentamente, ou se não é muito forte;
2) O
deslumbramento, quando o êxtase é súbito e violento;
3) O voo do
espírito, quando, como diz Santa Teresa d'Ávila, "age de tal maneira que o
espírito parece verdadeiramente sair do corpo".
Ora, as
características do deslumbramento encontram-se no repouso no Espírito, salvo,
evidentemente, o grau avançado de vida espiritual. Com efeito, acontece que
Deus concede uma tal experiência espiritual a pessoas de virtude vulgar, ou a
principiantes na vida espiritual, a fim de os atrair a Si.
O repouso no
Espírito resulta, mais frequentemente, da imposição das mãos, ou pelo menos de
um toque da mão na cabeça, embora esse gesto não seja sempre necessário. A
pessoa começa a vacilar, para finalmente cair devagarinho para trás. Esta queda
é causada por uma graça tão poderosa do Espírito Santo que o corpo já não pode
suportá-la e, então, as suas forças abandonam-no.
Contudo, é preciso esclarecer
que a queda não é obrigatória e não condiciona, necessariamente, a recepção da
graça. Por outro lado, aqueles que não "caem" são afetados por uma
vertigem não desagradável, tremuras ou pernas debilitadas, mas estas manifestações
físicas são impregnadas de doçura e de paz. A sensação interior de repouso no
Espírito parece existir também nas pessoas que não caem.
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