“...
esta saudação do anjo colocou Maria na posição de um mortal comum, e
jamais em uma posição de privilégio, pois ‘graça’ significa ‘favor,
benefício, perdão,...’. Biblicamente, todos nós que recebemos a Jesus
como Salvador, recebemos sua graça. Somos, portanto, agraciados e isso
não nos faz maiores do que ninguém” (pág. 16)
Parece-me
pastor que houve uma falta de esclarecimento na significação da “graça
de Deus”. Enquanto cristão, discípulo d’Aquele que trouxe a graça (cf.
Jo 1,17) eu não entendo que um favor, um benefício ou um perdão de Deus é
algo comum, algo que nos coloque na magra posição de um mortal
qualquer. Ao contrário pastor, uma graça de Deus significa vitória,
libertação, salvação como nos ensina a Sagrada Escritura: “O pecado não
os dominará nunca mais, porque vocês já não estão debaixo da Lei, mas
debaixo da graça” (Rm 6,14). Considero-me a pessoa mais feliz do mundo, a
mais realizada, quando recebo de Deus uma graça, um favor. O
recebimento de uma graça me mostra como estou unido ao meu Senhor Jesus
(cf. Jo 15,7). E é de se notar que Maria não é chamada pelo anjo de
agraciada porque ela era a Mãe do Salvador; ela ainda não estava grávida
e nem havia dado o seu “fiat”, o seu sim. Mas o anjo assim a chamou,
pois ela sempre fora cheia de graça e sempre o Senhor esteve com ela
(cf. Lc 1,28). Inclusive, na língua original do Evangelho de Lucas, o
grego, o anjo a chama de κεχαριτωμένη (agraciada – lê-se
kerraritooménee), que na gramática grega é um particípio perfeito
passivo, que demonstra uma ação do passado que continua acontecendo, ou
seja, Maria sempre foi agraciada, tanto no passado, antes da revelação,
como é também agora e sempre será.
Com
certeza pastor, o anjo não “colocou Maria na posição de um mortal
comum”, mas a confirmou como privilegiada serva do Senhor como o senhor
mesmo, em seguida, afirma na pág 21: “É verdade que ser mãe da
humanidade de Cristo é, por si só, um privilégio indescritível”.
“O Todo-Poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo” (Lc 1,49).
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